São Paulo, 12 de novembro de 2018
O cenário atual e as perspectivas dos principais segmentos do setor da construção para os próximos anos foram pauta de debate em reunião plenária do Departamento da Indústria da Construção (Deconcic) da Fiesp, realizada nesta segunda-feira (12/11), sob coordenação de Carlos Auricchio, diretor titular desse departamento.
Fernando Mentone, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva – Sinaenco-SP, apresentou a evolução do setor de projetos e engenharia consultiva, que experimenta quedas sucessivas em seu faturamento, acumulando perdas na ordem de 67,5%, de 2011, ano que alcançou seu melhor resultado, até 2017. O saldo positivo fica por conta da evolução do emprego, que apresenta ligeiro crescimento desde 2016, com a criação de aproximadamente 20 mil postos de trabalho. Como perspectiva para os próximos 12 meses, a maior parte dos empresários acreditam na estabilidade, com a manutenção da carteira de projetos nos patamares atuais, garantindo um faturamento na ordem de R$ 5 bilhões, assim como a manutenção do quadro de funcionários.
O setor de máquinas e equipamentos para construção, representado por Mário Marques, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração – Sobratema, foi um dos que mais sentiu a crise econômica, a linha amarela deve fechar 2018 com números próximos ao ano de 2007, mesmo com um crescimento na ordem de 40% ante o ano anterior. Ainda, cerca de 45% da frota atual das construtoras e locadoras encontram-se paradas, dificultando ainda mais a retomada desse segmento. A expectativa para 2019 é de estabilidade, com um crescimento máximo previsto de 3%, com um viés de otimismo do empresariado para 2020.
Já para Fernando Valverde, presidente executivo da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção – Anepac, que prevê um crescimento de 3,5% na demanda de agregados em 2018, também estima um cenário conservador para o próximo ano, apostando em um crescimento na ordem de 5% para esse segmento, em 2019.
Paulo Camillo Vargas Penna, diretor titular adjunto do Deconcic e presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento – SNIC e da Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, apontou algumas preocupações do setor de cimento no Brasil, que deve fechar o ano com queda de 0,9% no consumo aparente desse produto, e que alcançou em outubro desse ano, a maior capacidade ociosa da história com 47,4% de ociosidade. Fatores como custos de frete, em especial com o impacto da tabela mínima, que gera um aumento de 114% no preço do transporte, insumos energéticos e precificação de carbono, são ameaças futuras para a indústria de cimento. Camillo, apresentou algumas ações em curso para fomento do mercado e estima um pequeno crescimento para o próximo ano.
O gerente geral da Gerdau, Vinicius Rodrigues, falou sobre o setor de aço, que experimentou um crescimento de 8,7% no consumo aparente desse produto, no acumulado de janeiro a setembro de 2018, e estima um crescimento de 7% para essa indústria em 2019. Rodrigues, falou sobre o impacto da produção mundial e da China no mercado nacional, fundamental para o planejamento e definição de cenários para os próximos anos.
Rodrigo Navarro, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção – Abramat, apresentou os dados desse setor que deve fechar 2018 com crescimento de 1,5%, porém com uma ligeira queda no emprego, na ordem de 1%. O nível atual da utilização da capacidade instalada dessa indústria é de 72% e mais da metade dos empresários pretendem investir no médio prazo, sobretudo para modernização da produção. Navarro, falou sobre as oportunidades e desafios que estão por vir e destacou que a Abramat trabalha com 4 possíveis cenários para 2019, que vai desde 0% a 3% de crescimento para a indústria de materiais.
Já Newton Cavalieri, diretor titular adjunto do Deconcic e representante do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo – Sinicesp, comentou sobre o estágio atual de paralisia de obras de infraestrutura, setor que em 2014 chegou a empregar 145 mil fncionários e hoje emprega cerca de 90 mil. “Nos últimos meses foram licitados cerca de R$ 850 milhões em obras”, disse, porém, número muito aquém do esperado pelo setor, que aguarda ações do governo para retomada de obras paralisadas, de projetos e estudos de viabilidade, além de agilizar os processos de concessões e PPP’s. Como ponto positivo, Cavalieri destacou a possível manutenção da estrutura do PPI (Programa de Parcerias de Investimento) no futuro governo.
Fechando as análises setoriais, José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo – Sinduscon-SP, apresentou um balanço para a construção civil que deve fechar o ano de 2018 com um PIB negativo, na ordem de 0,6%, assim como, também, deverá ser negativo o saldo líquido de emprego. Segundo Romeu, alguns sinais apontam que o pior ficou para trás, houve melhora nos lançamentos, vendas, redução nos distratos imobiliários, além da confiança empresarial, que apesar de apontar pessimismo, está em trajetória de crescimento. Outro ponto de destaque é o ritmo de contratação no segmento de engenharia e arquitetura, que vem crescendo, indicando uma retomada para o setor. A perspectiva para 2019 é de ligeiro crescimento, na ordem de 1,3%, com uma retomada estrutural a partir de 2020.
Manuel Rossitto, vice-presidente do Conselho Superior da Indústria da Construção – Consic, falou sobre alguns setores a serem observados e que devem iniciar um processo de expansão no curto e médio prazo, com destaque para Óleo e Gás e Energia, onde alguns grandes projetos já voltaram à fase de estudo. Porém, o gargalo continua sendo as garantias, que precisam ser solucionadas, disse.
Por fim, Sergio Henrique Cançado, diretor do Deconcic, comentou sobre a preocupação com as fontes de recursos para financiamento, em especial o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), onde o fluxo está negativo, gerando preocupação em garantir financiamento no médio prazo. Nessa linha, o consultor José Milton Dallari, disse ser importante criar uma agenda com instituições financeiras, para tratar assuntos de interesse do setor.
Encerrando a reunião, Carlos Auricchio, agradeceu a contribuição e presença de todos os presentes, acatando a sugestão de criar reuniões trimestrais, nesses moldes, para acompanhar a evolução de cada um dos segmentos da cadeia produtiva da construção.
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Acesse abaixo, as apresentações realizadas na reunião plenária:
Perspectivas na ótica da indústria do cimento
Perspectivas da indústria de materiais de construção
O segmento da arquitetura e engenharia consultiva