Agência Indusnet Fiesp
Publicado em 29 de fevereiro de 2016
Estudo feito pelo Departamento da Indústria da Construção da Fiesp (Deconcic) mostra que a produtividade da mão de obra na construção civil brasileira não acompanhou o forte aumento da atividade do setor em anos recentes. Com isso, o Brasil se distanciou das nações mais desenvolvidas e também das economias emergentes, que alcançaram níveis maiores de produtividade. Houve também aumento expressivo do custo da mão de obra, embora o salário médio pago no país seja mais baixo que o dos países de maior produtividade.
Os dados mais recentes para a comparação entre Brasil (levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE) e países acompanhados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, referência mundial em promoção de políticas públicas para a melhora econômica e o bem-estar social), de 2013, mostram o país como último na lista de produtividade. Naquele ano, cada trabalhador da construção civil brasileira gerou valor de US$ 18.900, muito inferior à média, de US$ 57.800, dos países listados. O PIB por trabalhador da construção civil brasileira não chega a um quarto do valor verificado nas economias desenvolvidas – Bélgica, Reino Unido, Espanha e Austrália, por exemplo – e não atinge metade dos índices obtidos por economias em desenvolvimento como o México, a Eslovênia e Eslováquia.
Os valores foram calculados pela divisão do PIB da construção civil, em moeda internacional, pelo número de trabalhadores, constituindo uma medida de valor adicionado por empregado na produção.
Fonte: OECDSTAT e IBGE. Elaborado por Ex Ante Consultoria Econômica. (*) ajustado à paridade do poder de compra.
Além de ter um índice baixo, a evolução da produtividade foi lenta nos últimos anos. Entre 2000 e 2013, o índice de produtividade da construção civil brasileira ficou estagnado, enquanto os índices de alguns países em desenvolvimento tiveram evolução bastante satisfatória. Exemplos são o México e a República Checa, que tiveram, ambos, ritmo de crescimento de 1,1% ao ano na produtividade da mão de obra na construção. Nas economias em que a produtividade caiu, a base inicial, em geral, era elevada.
Fonte: OECDSTAT e IBGE. Elaborado por Ex Ante Consultoria Econômica. (*) ajustado à paridade do poder de compra.
Remuneração da mão de obra
A menor produtividade é acompanhada por menor remuneração do trabalho. Em 2013, os trabalhadores da construção civil brasileira receberam uma renda bruta anual de US$ 11.300, a menor entre os países da amostra. Esse valor foi de aproximadamente um terço do salário médio da construção civil nos países da amostra.
Há uma relação direta entre produtividade e salários. Em 2013 o Brasil era o país com a menor produtividade e a menor remuneração do trabalho na amostra. Já a Bélgica, país com a maior produtividade na construção no ano, de US$ 106.400 por empregado, registrou um dos maiores níveis de remuneração (US$ 55.500l).
Essa relação indica que o crescimento mais expressivo da remuneração da mão de obra requer o avanço da produtividade, com qualificação dos empregados, aumento do uso de máquinas e equipamentos, industrialização da construção e mudanças de métodos construtivos. Isso torna os investimentos em formação e capital humano e em pesquisa e desenvolvimento estratégicos para a construção civil brasileira.
Fonte: OECDSTAT e IBGE. Elaborado por Ex Ante Consultoria Econômica. (*) ajustado à paridade do poder de compra.
Fonte: OECDSTAT e IBGE. Elaborado por Ex Ante Consultoria Econômica. (*) ajustado à paridade do poder de compra.
Empresas formais
Os dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção de 2013 mostram que a situação das empresas formais do país era relativamente melhor e que, em alguns segmentos, a produtividade do trabalho se aproximava do padrão internacional. Na média das atividades das construtoras formais, o PIB por trabalhador foi de US$ 32.900 em 2013, valor 73,6% maior que o da média da construção civil brasileira. O salário médio pago também foi maior, US$ 13.000 por ano.
Tanto a produtividade quanto os salários são maiores nas empresas de grande porte da construção, o que reflete o padrão tecnológico mais elevado dessas empresas. Nelas, o PIB por trabalhador foi 87,7% maior que o da média da construção civil do país, e a remuneração média dos trabalhadores foi 30,7% maior em 2013.
Fonte: IBGE e OECDSTAT. Elaborado por Ex Ante Consultoria Econômica. (*) ajustado à paridade do poder de compra.
Considerando apenas empresas de porte médio e grande, nota-se que há atividades da construção que apresentaram produtividade da mão de obra bastante elevada. Esses foram os casos dos segmentos de obras portuárias, marítimas e fluviais, cuja produtividade alcançou US$ 78.900 em 2013, ou de incorporação imobiliária, com PIB por trabalhador de USD 74.400 no mesmo ano. Os dados da Tabela 3 indicam que essas atividades foram as que pagaram melhor sua mão de obra naquele ano.
Fonte: IBGE e OECDSTAT. Elaborado por Ex Ante Consultoria Econômica. (*) ajustado à paridade do poder de compra.