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VII Congresso da MPI: burocracia dificulta o acesso ao crédito para as micro e pequenas indústrias

De acordo com especialistas, é preciso criar linhas de crédito que atendam às necessidades dos empreendedores

Flávia Dias, Agência Indusnet Fiesp

Linhas de crédito e financiamentos acessíveis são fundamentais para que as micro e pequenas empresas (MPEs) possam ampliar investimentos em inovação, acesso a novos mercados e tecnologia. Porém, a burocratização adotada por instituições financeiras dificultam o acesso ao crédito dos pequenos empreendedores.

O tema foi discutido durante o painel Financiamento para o Crescimento, durante o VII Congresso da Micro e Pequena Indústria – Da sobrevivência a excelência, evento realizado nesta quarta-feira (10/10) no hotel Renaissance, em São Paulo, pela Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp).

José Antonio Cipolla, diretor do Dempi/Fiesp

José Antonio Cipolla, diretor do Dempi, ressaltou que as linhas de crédito disponíveis no mercado não atendem às reais necessidades dos empreendedores das MPEs.

Excesso de burocracia e elevadas taxas de juros são gargalos. “Os bancos não podem ter um lucro excessivo enquanto os empresários não têm acesso ao crédito com taxas de pagamento que nossas empresas comportam pagar”.  E completou: “Você joga o cara para a inadimplência, cobrando juros extorsivos. E aí chega a um ponto que ele não consegue cumprir”, enfatizou.

De acordo com Denis Forte, professor adjunto na programa stricto sensu pós-graduação do Mackenzie, o marco regulatório proporcionou um avanço no sistema financeiro brasileiro. A medida, segundo ele, permitiu a portabilidade de crédito e de cadastro, e a transparência das taxas de juros. É preciso, porém, segundo ele, a criação de linhas de crédito que atendam às necessidades dos empreendedores.

“Grandes empresas são procuradas todos os dias por 50 bancos com oferta de linhas de créditos. Diferente do que acontece com as pequenas e médias empresas”, avaliou Forte.

Novos caminhos

O superintendente regional de micro e pequena empresa da Caixa Econômica Federal, Paulo José Galli, enfocou a redução das taxas de juros aplicadas pelos bancos públicos, medida que segundo ele estimulou a criação de novas linhas de crédito com juros acessíveis dedicadas aos micro e pequenos empresários.

Paulo José Galli, superintendente de MPI da Caixa Econômica Federal

“A partir deste movimento que os bancos públicos fizeram, o Brasil começa a entrar na rota dos juros internacionais. Nós não chegamos ainda, mas estamos próximos. Isso permitirá que os empresários brasileiros tenham condições de competir no mundo naquilo que o serviço financeiro possa oferecer”, afirmou.

Opinião compartilhada pelo diretor de micro e pequena empresa do Banco do Brasil, Adilson do Nascimento Anísio. Ele ressaltou o processo de desburocratização que, conforme explicou, foi adotado pela instituição financeira para facilitar o relacionamento do cliente com o banco.

“Os bancos precisam se reinventar. Precisamos repensar o relacionamento com estes segmentos. As micro, pequenas e médias empresas às vezes acabam pagando um custo maior pelo financiamento devido à complexidade deste relacionamento”, afirmou.

De acordo com o presidente da agência estadual Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos, as linhas de crédito e  longo prazo – restritas no mercado – contribuem com o crescimento estruturado das MPEs. Segundo Santos, o Banco Central precisa adotar medidas que proporcionem o aumento destas linhas de créditos.

“É preciso que haja uma reflexão sobre as normas do Banco Central. Elas precisam ser revistas para que as instituições financeiras tenham condições de avançar um pouco mais com relação aos riscos de financiamento de médio e longo prazo para as micro e pequenas empresas.”

O painel foi moderado pelo assessor do Departamento da Micro e Pequena Indústria (Dempi), Flávio Luís Jardim Vital, e contou ainda com a participação do diretor executivo da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/SP), Paulo Arthur Lencioni Goes, e do diretor do Dempi, Claudio Luís Miquelin.