Produção Industrial cai 0,3% no 3º trimestre do ano
Expectativa da Fiesp para o desempenho da produção industrial para os próximos meses é de desaquecimento entre as atividades
Agência Indusnet Fiesp
A produção industrial caiu 0,7% entre agosto e setembro, sem efeitos sazonais. Frente a setembro de 2021 houve crescimento de 0,4%. A queda veio em linha com as expectativas do mercado. O resultado no mês foi puxado pela indústria de transformação (-1,3%), dado que a indústria extrativa cresceu no período (+1,8%). Com os últimos resultados, a atividade industrial segue defasada em 2,4% em relação ao nível pré-pandemia (fev/2020). Na variação acumulada em 12 meses, o ritmo de queda da indústria foi atenuado, passando de uma redução de 2,7% no período encerrado em agosto para 2,3% em setembro1.
Gráfico 1: Produção Física Industrial (PIM-PF)
Variação acumulada em 12 meses
Na passagem do 2º para o 3º trimestre de 2022, a produção industrial caiu 0,3%. Esse resultado veio após três trimestres consecutivos de crescimento, apontando para um quadro de baixo dinamismo. Ainda com relação ao 2º trimestre de 2022, a indústria extrativa aumentou 0,2% e a transformação foi reduzida em 0,2% no trimestre encerrado em setembro.
A queda na atividade industrial na passagem de agosto para setembro foi espraiada entre as quatro categorias econômicas e 21 dos 26 segmentos pesquisados. Entre os grupos de atividade, as influências negativas mais relevantes no mês de setembro foram obtidas pelo segmento de produtos alimentícios (-2,9%), metalurgia (-7,6%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%). Por outro lado, entre as cinco atividades que apontaram avanço na produção, indústrias extrativas (+1,8%) e máquinas e equipamentos (+2,2%) foram os destaques.
Em relação às grandes categorias econômicas, na comparação com o mês anterior, sem influências sazonais, as principais quedas foram observadas em bens de consumo semi e não duráveis (-1,4%) e bens intermediários (-1,1%), seguidos por bens de capital (-0,5%) e bens de consumo duráveis (-0,2%). No acumulado do ano, todas as categorias registram variações negativas, com destaque para bens de consumo duráveis (-5,3%), seguido por bens intermediários (-1,0%) e em menor escala bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-0,7%) e bens de capital (-0,5%).
Os últimos resultados da atividade industrial brasileira respondem a um balanço de forças desfavorável. Além do forte aperto monetário e elevado nível de incerteza na economia, ainda é necessário cautela em relação às cadeias globais de fornecimento. O Índice de Pressão da Cadeia de Suprimentos Global (IPCSG), calculado pelo Banco Central de Nova York, mostra que, embora as pressões globais sobre a cadeia de suprimentos tenham diminuído, elas permanecem em níveis historicamente altos (Gráfico 2). A tendência é de normalização das cadeias, a depender dos desdobramentos do conflito na Ucrânia.
Gráfico 2: Índice de Pressão da Cadeia de Suprimentos Global
A perda de força no ritmo de crescimento vem se propagando entre os segmentos. A Figura 1 representa o mapa de calor da produção industrial por segmentos. Após uma forte recuperação durante o ano de 2021 e os primeiros meses de 2022, algumas atividades indicam desaceleração. O mapa mostra uma reversão do ciclo de crescimento a partir do segundo trimestre, se consolidando no período recente. Em abril de 2022 o mapa registrava um equilíbrio entre o número de setores acelerando (Forte + Muito Forte) e desacelerando (Fraco + Muito Fraco). Esse movimento foi revertido, ao totalizar 10 setores desacelerando e apenas 6 aquecendo no mês de setembro. Somente dois entre os 25 segmentos permanecem na categoria Muito Forte: Coque e derivados e Equipamentos de transporte (ex. veículos automotores).
Figura 1: Mapa de calor da Indústria de Transformação (set/21 – set/22)
Análise do cenário pela Fiesp
A expectativa da Fiesp para o desempenho da produção industrial para os próximos meses é de desaquecimento entre as atividades. A projeção é de queda de 0,5% em 2022, podendo ser revista conforme os efeitos defasados do aperto monetário, a normalização das cadeias de suprimento global e o ritmo de desaceleração da economia mundial – fatores de atenção para a economia brasileira entre o final de 2022 e o ano de 2023.
1 Variação de doze meses correntes em relação aos doze meses imediatamente anteriores.