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Para crescer mais, Brasil precisa atrair capital externo, afirma Bolívar Lamounier

Em reunião na Fiesp, sociólogo e cientista político defendeu reindustrialização e redução de desigualdades

Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

“O Brasil precisa se reindustrializar e atingir patamar compatível com as nossas necessidades. Sem a indústria não se cria emprego, e sem emprego não adianta educação”, disse o sociólogo Bolívar Lamounier, durante reunião do Conselho Superior de Estudos Nacionais e Política (Cosenp) da Fiesp, na segunda-feira (17/10), com a presença do presidente do Conselho, Michel Temer.

Nos últimos 80 anos, de acordo com Lamounier, o Brasil cresceu a uma taxa média de 2,5%. “Para escapar da armadilha do baixo crescimento precisamos atrair o capital externo. De outra forma, levaremos 28 anos para dobrar a renda”, explicou o especialista, que também chamou a atenção para a má distribuição de riquezas no país. “Pela dimensão e pelos recursos que tem, o Brasil tem renda per capita baixa. Temos muitas pessoas capacitadas em todos os setores, mas para avançar e vencer a armadilha do baixo crescimento vamos ter que correr bastante”.

E advertiu sobre a necessidade de melhorar o ambiente de negócios. “O capital estrangeiro não é tolo a ponto de investir em economias que caminham para a instabilidade política, que é uma grande desvantagem”, afirmou.

Na vertente educacional, Lamounier apontou o ensino profissional como um dos diferenciais para os países mais desenvolvidos. “Num período de 30 anos, Alemanha, EUA e Japão, que tiveram industrialização tardia, deram um salto. A Alemanha tinha muito conhecimento científico, mas faltava tecnologia aplicada. Nos Estados Unidos o desenvolvimento surgiu a partir de escolas de aplicação de nível técnico. E o Japão deixou de ser uma sociedade feudal ao adaptar o conhecimento existente nos outros países”, enfatizou.

Ponto fundamental é ter ideia clara de onde podemos chegar e o que queremos ser como país daqui a 20 anos, de acordo com Lamounier, que reconheceu no Sesi e Senai bons exemplos que precisam ser replicados. “Como recuperar a indústria e fazer uma reforma educacional que revolucione o modo de educar? É admirável o trabalho realizado pelo Sesi e pelo Senai, mas precisamos fazer muito mais em relação a todo o país”, concluiu.

Em reunião na Fiesp, sociólogo e cientista político defendeu reindustrialização e redução de desigualdades

Em reunião na Fiesp, sociólogo e cientista político defendeu reindustrialização e redução de desigualdades. Foto: Everton Amaro