Diretor da Fiesp defende reformulação institucional do setor de transportes e logística
Carlos Cavalcanti, diretor do Deinfra da Fiesp, diz que Brasil precisa de investimentos para atingir padrões de países asiáticos
Agência Indusnet Fiesp
Em discurso na abertura do 7º Encontro de Logística, o diretor-titular da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Carlos Cavalcanti, afirmou que o arranjo institucional do setor de logística e transportes não pode continuar com o processo decisório pulverizado em três ministérios, várias secretarias e três agências reguladoras, atuando, segundo ele, de modo disperso.

Carlos Cavalcanti, diretor-titular do Deinfra da Fiesp: 'Ampliação de investimentos, no entanto, não deve ter predominância do setor publico'
“É fundamental que as instituições trabalhem de forma integrada e que ocorra a implantação efetiva de um Sistema de Planejamento Estratégico de longo prazo, estruturado de forma a proporcionar racionalidade nos investimentos e na operação integrada dos diversos modais”, afirmou Cavalcanti.
De acordo com o diretor do Deinfra, o Brasil precisa de investimentos para dar conta do desafio, por exemplo, de ocupar o papel de celeiro do mundo na produção de alimentos nas próximas décadas. “O nível de investimentos em transportes, ainda corresponde a apenas 0,5% do PIB. Precisamos multiplicar este número dez vezes, para pelo menos 5%, se quisermos atingir os padrões dos países asiáticos”.
A ampliação de investimentos, no entanto, não deve ter predominância do setor publico. “Cabe à iniciativa privada, através de concessões, cumprir esse papel, alocando os recursos necessários, trazendo inovações tecnológicas e modelos de gestão eficiente”.
Melhoria nos sistemas rodoviário e portuário
Cavalcanti destacou a importância do setor rodoviário para a economia brasileira. “Mais de 60% das cargas brasileiras são transportadas por esse modal. Entretanto, da malha total, apenas 14% são pavimentados e a maioria do percurso apresenta condições insatisfatórias”.
Outro ponto abordado no discurso foi a acessibilidade aos portos – “Grande parte das cargas é transportada por meio do modal rodoviário, que atravessa a região metropolitana de São Paulo e a Serra do Mar.” – e o regime de funcionamento ininterrupto a estes.
“Para que as instalações estejam disponíveis 24 horas, é necessário que os órgãos públicos como Anvisa, Polícia Federal, Receita Federal, Ministério da Agricultura e todos os demais agentes atuem em todos os turnos. Essa é a única forma de atendermos ao crescimento da demanda sem a necessidade de grandes investimentos em infraestrutura”.
Cavalcanti destacou ainda a importância do combate à corrupção. “No setor de infraestrutura, podemos eliminar a oportunidade da corrupção, se optarmos menos pela obra executada pelo setor público”, sugeriu.
“Quando o modelo é o da menor tarifa do serviço, aí sim se coloca a oportunidade do combate à corrupção. Nos setores onde este sistema é aplicado, como bem sabemos, o concessionário disputa a oportunidade comercial com seus pares de leilão baseado no menor preço”, acrescentou o diretor da Fiesp.
Discurso Carlos Cavalcanti – Diretor do Deinfra da Fiesp – 7º Encontro Logística de Transportes