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‘Brasil precisa de novos vetores de crescimento’, afirma economista Octávio de Barros (Bradesco)

De acordo com Octávio de Barros, perda do mercado argentino causou impacto violento sobre as exportações de manufaturados. Executivo falou a membros do Cosag da Fiesp sobre impactos da crise mundial no Brasil

Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp

Octávio de Barros: 'A hipótese é que o Brasil cresceu em 2012 aquilo que o mundo lhe permitiu crescer'. Foto: Julia Moraes

Seria ingenuidade acreditar que o Brasil poderia pisar no acelerador quando o mundo está pisando no freio. A opinião é do economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, em referência à desaceleração das exportações brasileiras frente ao excesso de produtos manufaturados disponíveis no mercado internacional e, principalmente, a desaceleração econômica da Argentina.

De acordo com apurações do Ministério do Desenvolvimento Indústrias e Comércio Exterior (MDIC), as exportações brasileiras para a Argentina amargaram uma queda de 18,4% nos primeiros oito meses de 2012 em relação ao período imediatamente anterior, de US$ 14,6 bilhões para US$ 11,9 bilhões calculados até setembro.

“A OMC [Organização Mundial da Saúde] está projetando um crescimento próximo de zero das exportações mundiais. E o que está acontecendo com as exportações brasileiras é um pouco pior do que no mundo porque nós perdemos o mercado argentino e isso deu um violento impacto sobre nossas exportações de manufaturados”, avaliou Barros.

Barros trouxe nesta segunda-feira (01/10), na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), um panorama dos impactos da crise mundial no Brasil e sobre as economias da Zona do Euro para os membros do Conselho Superior de Agronegócio (Cosag) da entidade.

“A hipótese é que o Brasil cresceu em 2012 aquilo que o mundo lhe permitiu crescer”, afirmou o economista.

O executivo do Bradesco acredita que quatro pilares foram fundamentais para o Brasil crescer o que cresceu na última década: crédito farto, políticas sociais generosas, câmbio valorizado e gasto público sustentado na carga tributária. Essa fórmula, no entanto, não será suficiente para garantir que o país continue crescendo.

“Não é que esses pilares se esgotaram, mas a gente precisa de outros vetores de crescimento. O gasto público, por exemplo, ajudou a crescer o PIB (Produto Interno Bruto), mas agora não estamos falando mais de carga tributária, pelo contrario, é hora da desoneração, a palavra de ordem é desonerar”, avaliou.

Prêmio de loteria

Barros acredita que se não fosse a crise, o Brasil não teria conseguido convergir as taxas de juros para uma trajetória de queda.

“Eu digo que nós ganhamos um segundo prêmio de loteria da nossa história recente. O primeiro foi o boom das commodities, que nos deu uma parruda renda nacional macroeconômica só pelo aumento do preço de commodities. O segundo prêmio é que se não fosse a baixa do ciclo com a crise mundial, o Brasil não teria conseguido convergir as suas taxas de juros”, disse o economista, acrescentando que “em condições normais você não consegue sair do lugar. Então, o Brasil aproveitou e os juros estão caindo.”