imagem google

Ações sociais e técnicas são apontadas como soluções para despoluição dos rios

Em evento na Fiesp, causas da poluição e caminhos para a melhoria das águas dos rios de São Paulo e da Região Metropolitana são apontados

Juliana Bannach, Agência Indusnet Fiesp

“Tecnicamente é possível despoluir os rios de São Paulo.” A afirmação é de Roberto Teixeira França, ex-coordenador do Plano Diretor de Esgotos da Região Metropolitana de São Paulo, durante o seminário A despoluição dos rios, promovido pela Fiesp, nessa quarta-feira (9/10).

Para França, a despoluição dos rios requer grandes investimento e ações que impactam toda a sociedade. “Para que a despoluição aconteça é necessário um conjunto de ações que envolvem aspectos urbanísticos, de saneamento global e principalmente a solução de problemas sociais/habitacionais, além de muito investimento”, explicou.

Nas três etapas do programa de despoluição do rio Tietê, iniciado em 1990, foram investidos U$$ 2,9 bilhões e, nos últimos anos, em vez do aumento de investimentos, houve redução. Em 2014, foram investidos R$ 516 milhões, em 2015, R$ 378 milhões, e, em 2016, apenas R$ 342 milhões. “Para a quarta etapa do programa, serão necessários cerca de R$ 4 bilhões de investimentos e, no mínimo, 15 anos de trabalho”, revelou França.

Apesar de apontar um tempo mínimo para a ação, o prazo para encerrar a execução de projetos de despoluição é praticamente incalculável. “Programas de despoluição não podem ter prazo final definido. Fixar datas em um programa é o primeiro passo para o insucesso. A despoluição é eterna, precisa de manutenção e conscientização da população”, ressaltou.

De acordo com França, outros problemas que contribuem para que a melhoria das águas dos rios de São Paulo não aconteça são a falta de rede coletora, ligação de esgoto na rede pluvial, lixo não coletado, lixo descartado em vias públicas, descontinuidade no transporte dos esgotos e, o problema mais grave, a descarga de coletores nos córregos.

Em São Paulo, quase metade (45%) dos esgotos gerados ainda não são tratados, sendo a principal causa de degradação dos rios do Estado e de ameaça aos mananciais.

França apresentou algumas soluções para os problemas citados, entre eles, o reassentamento da população que ocupa a margem dos córregos, a implantação de programas para financiamento das ligações prediais e de melhoria da qualidade de água destinada às escolas de Ensino Básico, base para a educação sanitária e ambiental. “As gerações futuras precisam saber da importância da preservação dos rios. É preciso evitar a poluição em vez de buscar soluções para corrigir. É preciso evitar e prevenir”, alertou.

Diretor do Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da Fiesp, João Jorge da Costa também apontou soluções para a despoluição. “As margens dos rios estão ocupadas por habitações, é preciso um programa de habitação social para reurbanizar as favelas”, apontou.

Além de programas sociais, serão necessários projetos para prever o controle de qualidade de águas pluviais, através de distritos e subdistritos de drenagens, piscinões compartimentados e infraestrutura verde. “A drenagem é necessária, precisa ser institucionalizada e fiscalizada”, afirmou Costa, ressaltando que a educação ambiental também é fundamental para que a despoluição aconteça e perdure.

O evento teve a participação do presidente do Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema) da Fiesp, Eduardo San Martin, do conselheiro João Francisco Soares, de autoridades das áreas de saneamento e urbanismo, acadêmicos e empresários.

Saiba mais ao ouvir o nosso FiespCast. Clique aqui.

Roberto Teixeira França, ex-coordenador do Plano Diretor de Esgotos da Região Metropolitana de São Paulo, enfatizou que tecnicamente é possível despoluir os rios de São Paulo, mas é preciso implementar um conjunto de ações. Foto: Karim Kahn/Fiesp