Grupo Votorantim: engajamento reduz 82% de incêndios florestais


Trabalho minucioso focado no diálogo com stakeholders e na comunicação diversificada tornaram o projeto Engajamento com Partes Interessadas (EPI) uma forte ferramenta de relacionamento.

Por Karen Pegorari Silveira

Votorantim no espírito de "trabalho em equipe"

O Grupo Votorantim, uma das maiores empresas do país com operações nos setores de cimento, mineração e metalurgia, siderurgia, agroindústria e celulose, está presente em mais de 300 municípios no Brasil.

Ciente de seus impactos na vida de seus stakeholders (funcionários, fornecedores, consumidores, órgãos legisladores, meios de comunicação, instituições financeiras, poder público, ONGs, entre outros), a organização criou uma metodologia de relacionamento chamada de Engajamento com Partes Interessadas (EPI).

Desenvolvido em 2009, o EPI oferece subsídios para as lideranças da empresa, geralmente gestores de operações, a fim de estabelecerem uma estratégia de comunicação qualificada com os públicos de interesse, facilitando a tomada de decisão e a identificação de soluções, em conjunto, para os desafios locais. “Esse esforço é o que possibilita a criação de vínculos de relacionamento com os diversos públicos que estão ligados às atividades e às operações da empresa, a definição de temas prioritários e um melhor gerenciamento do tempo”, afirma Ana Paula Bonimani, Gerente de Gestão de Programas do Instituto Votorantim.

As etapas do desenvolvimento do EPI incluem uma série de atividades: discussão em grupos de trabalho e validação com representantes das principais áreas; mapeamento e priorização de partes interessadas e assuntos de interesse; levantamento, sistematização e registro de informações relevantes; elaboração do plano de engajamento contemplando iniciativas existentes, metas, indicadores e orçamento, além do acompanhamento e gestão dos planos de engajamento de forma integrada à estratégia da empresa.

Marcelo Monteiro, gerente geral da Votorantim Cimentos de Cantagalo (RJ) acredita que o engajamento é uma ferramenta que possibilita identificar e ‘dar cara’ aos públicos de contato. Segundo ele, permite saber o nome do padre, do prefeito, das pessoas da comunidade, bem como suas demandas e posições, o que é fundamental para conduzir a estratégia da empresa. O Grupo Votorantim tem muitos projetos sociais, ambientais e econômicos e saber o impacto real dessas iniciativas na comunidade é uma das principais preocupações da organização. A ferramenta EPI é uma forma de ter retorno e saber se o caminho escolhido está correto. Com o estabelecimento de uma relação próxima, temos acesso às demandas externas e conseguimos nos estruturar para atendê-las.

O coração do EPI é a comunicação. Desde as primeiras reuniões entre os funcionários para identificação dos públicos relevantes até as ações do plano de engajamento, todas são fundamentadas na comunicação entre a empresa e seus stakeholders. Para facilitar, foi criado um Manual de Engajamento com Partes Interessadas que está à disposição de todos os interessados no site da fundação. Há ainda sete canais de comunicação que foram incluídos na metodologia: newsletter eletrônica, e-mail marketing, intranet, seção especial no site, materiais de apoio, assessoria de imprensa e veículos de comunicação específicos para cada unidade.

Na unidade de Vazante (MG), por exemplo, a Votorantim Siderurgia conseguiu reduzir em 82% o número de incêndios em sua área florestal graças a aplicação do EPI, que resultou na Licença Social Para Operar (LSO). Ao adotar a estratégia, o Grupo de Trabalho identificou que havia uma grande quantidade de incêndios na região e era necessário conscientizar a população local sobre o tema. O plano estabeleceu a prevenção dos incêndios por meio da conscientização ambiental através de seminários com o tema “Incêndio Florestal”. Telefones de emergência para a comunicação de focos de fogo também foram colocados à disposição e ainda uma brigada de incêndio. Além disso, a empresa mostrou à comunidade os cuidados que devem ser tomados para uma queima controlada, conseguindo assim diminuir drasticamente os incêndios florestais.

As queimadas e os incêndios florestais estão entre os principais problemas ambientais enfrentados pelo Brasil. As emissões resultantes da queima de biomassa vegetal colocam o país entre os principais responsáveis pelo aumento dos gases de efeito estufa do planeta. Além de contribuir com o aquecimento global e as mudanças climáticas, as queimadas e incêndios florestais poluem a atmosfera, causam prejuízos econômicos e sociais e aceleram os processos de desertificação, desflorestamento e de perda da biodiversidade.

Em 2012, foram realizadas 60 oficinas sobre o tema, totalizando 480 horas de capacitação para 291 empregados. Todas as empresas do Grupo já operam com a metodologia. No mesmo ano, o EPI foi reconhecido internacionalmente por sua excelência e passou a integrar o Critical Friends International, uma plataforma que reúne as melhores práticas de engajamento no mundo.

Para 2014 o desafio é ampliar, ainda mais, a utilização desta metodologia na rotina de gestão, utilizando como insumo para a tomada de decisões estratégicas e no diálogo e relacionamento com os diversos públicos.

Site da fundação para ter acesso ao material Manual de Engajamento com Partes Interessadas