Pilkington Brasil Ltda. – reúso de água na unidade São Paulo


A Pilkington Brasil (antiga Blindex) é líder no mercado nacional de vidros de segurança. O processo de beneficiamento de vidro plano exige água nas etapas de lapidação de bordas e furação. A Unidade São Paulo historicamente se defrontou com carência no abastecimento de água de fonte pública (Sabesp), exigindo a aquisição via caminhões-pipa com os riscos e problemas administrativos associados.

Em 1998, considerando a perspectiva de cobrança pelo uso da água e os ditames das políticas de meio ambiente do grupo e da companhia, concebeu-se a ideia de tratamento do efluente industrial visando ao reúso no processo. Diferentemente de outros projetos de reúso, voltados para destinações mais triviais e menos nobres em termos de qualidade, como irrigação de jardins e descarga de privadas, o reúso posto em operação está voltado basicamente para o processo industrial.

A iniciativa foi também divulgada em vários seminários e conferências técnicas, sendo também objeto de pesquisa por algumas instituições (dissertações de mestrado e projetos de pós-graduação), no intuito de contribuir para a adoção do reúso por mais empresas. Entendemos que o maior mérito do projeto está em pioneiramente realizar o reúso de água na indústria de beneficiamento de vidro.

Medida adotada

A empresa decidiu desenvolver a tratabilidade e instalações com recursos técnicos próprios, resultando na configuração atual, que envolve as seguintes etapas:

  • Recepção/equalização;
  • Floculação;
  • Sedimentação de sólidos em decantador de lamelas;
  • Remoção de sólidos em suspensão em filtro de areia;
  • Polimento final em 2 filtros de cartucho em série com abertura decrescente;
  • Desaguamento do lodo do decantador em filtro-prensa.

 

A implantação do Sistema de Gestão Ambiental da ERA (Estação de Reúso de Água) e o foco na redução do consumo de água despertaram a uma tomada de consciência e adoção de soluções localizadas para evitar o desperdício no processo. Exemplos:

  • Máquinas lavadoras receberam sensores para cortar a alimentação de água em caso de interrupção da passagem de peças;
  • Foram reformadas canaletas para direcionar o fluxo de água para a linha que segue para a ERA;
  • Foi construído novo castelo d’água dedicado ao fornecimento para o restaurante (água Sabesp), permitindo usar melhor o sistema de distribuição para água da ERA;
  • Lavadoras com recirculação de água em circuito fechado em cascata.

 

A ERA instalada na Unidade de São Paulo responde hoje por 70% do consumo industrial (540 m³/dia) e 45% do consumo doméstico da planta (17 m³/dia), operando 24 h/dia de forma semi-automática.

Investimentos
Investimento inicial:
– Projeto/Instalação: R$ 200 mil
– Novas tubulações/reservatórios para água potável: R$ 70 mil

Custos Mensais:
– Produtos químicos e energia elétrica : R$ 2 mil;
– Redução dos gastos com o fornecimento de água externo: R$ 12 mil (após custo operacional, manutenção e depreciação).

Economia Mensal na Implantação:
– R$ 35 mil na compra de água;
– Retorno do capital: 16 meses;
Média mensal de economia Atual: R$ 98,8 mil.

Resultados ambientais e econômicos

O projeto da ERA se revelou um caso de sucesso por conjugar expressivos ganhos financeiros, com tempo de retorno para o investimento bastante curto. O excedente de água tratada apta ao reúso permitiu desenvolver aplicações menos nobres. Tais destinações foram viabilizadas mais recentemente para conciliar a necessidade de manter certo nível de renovação com água nova (da Sabesp), que evite a acumulação de sais e sólidos dissolvidos, inerentes a qualquer circuito fechado operando de forma contínua. Isso evita descartes gerais periódicos para purga do inventário de água no sistema ERA e tubulações apresentando concentrações acima dos limites de qualidade necessários.

Cabe registro que mesmo descartes eventuais hoje apresentam qualidade muito superior a do efluente final e, portanto a ERA constitui forma de também de reduzir impactos ambientais no que tange a qualidade da água. O outro ganho ambiental expressivo advém da possibilidade de reciclagem do lodo gerado, a base de pó de vidro.